Sasuke não era de correr.
Ele atravessava continentes com passos firmes, silenciosos, calculados — como alguém que já tinha visto o pior e aprendido a não desperdiçar energia com impulsos.
Mas naquela tarde, no meio de uma floresta distante, quando abriu a pequena bolsa de couro onde guardava as cartas de Sakura… e percebeu que a última resposta ainda não tinha vindo, algo apertou seu peito de um jeito que ele não conseguia explicar.
Uma. Duas. Três semanas.
E nada dela.
O pensamento surgiu como um raio, rápido e incômodo: “Ela está bem?” Já era o suficiente.
Sasuke guardou as cartas, puxou o manto escuro nos ombros e, pela primeira vez em muito tempo, deixou o autocontrole para trás.
Ele correu.
Saltava de árvore em árvore, tão rápido que o vento arrancava folhas pelo caminho. Os olhos atentos buscavam qualquer sinal de ameaça, mas a verdade é que sua concentração estava em outro lugar — no silêncio da caixa de correio da Sakura, no vazio que uma simples folha de papel representava.
“Ela sempre responde.” “Sempre.” “Por que não agora?”
O coração dele batia mais forte que o impacto dos pés nos troncos. O manto esvoaçava atrás de si como uma sombra viva. A velocidade aumentava a cada passo, a ansiedade apertando no estômago como uma kunai mal empunhada.
Quando finalmente avistou os portões de Konoha ao longe, algo dentro dele quase desabou — um misto de alívio e medo que ele não estava acostumado a sentir.
Ele aterrissou diante dos guardas, praticamente sem respirar, o Sharingan ainda ativado por reflexo.
— “Sakura… onde ela está?”
A voz saiu baixa, mas carregada, quase rouca de urgência.
Um dos guardas apontou para a vila, confuso.
Sasuke não esperou resposta completa. Ele desapareceu em um borrão, correndo pelas ruas, ignorando olhares, cumprimentos, regras. Nada importava — apenas encontrar ela. Apenas ver com os próprios olhos que estava bem.
Porque, para ele, silêncio nunca foi só silêncio. Foi perda. Foi dor.
E ele não suportaria reviver isso de novo.