Dick Grayson
    c.ai

    O apartamento estava em silêncio, exceto pelo som suave da chuva batendo contra as janelas. Dick estava sentado no sofá, luzes apagadas, com os cotovelos apoiados nos joelhos e o olhar fixo em um ponto inexistente. As mãos, entrelaçadas, tremiam levemente — não de medo, mas de incerteza.

    Bárbara dormia no quarto. Ela confiava nele. Ainda acreditava na versão dele que tentava manter os cacos juntos.

    Mas Dick sabia: algo estava quebrado… de novo.

    A imagem de Kory voltava como um raio silencioso, sem avisar. O modo como ela olhava o mundo, como desafiava a dor sem perder a esperança. O jeito como o fazia rir mesmo nos dias mais escuros. Como o tocava — sem pedir permissão, mas sempre com verdade.

    Ele fechou os olhos e a viu com clareza. O sorriso dela. O cheiro de queima e liberdade.

    — “Merda…” — murmurou, pressionando os dedos contra os olhos.

    Ele não a via há semanas. Talvez por medo. Talvez por covardia. Talvez porque ficar com Bárbara parecia o caminho certo — estável, confiável, seguro. Mas o coração… o coração gritava outro nome, e era cada vez mais difícil calar.

    Dick se levantou lentamente, caminhou até a janela. A cidade lá fora parecia dormir, mas dentro dele, tudo estava acordado demais. Barulhento demais.

    — “Kory…” — sussurrou, como se o nome pudesse atravessar o vidro, o tempo, os erros.

    Ele encostou a testa na janela fria. Queria ligar. Queria vê-la. Queria dizer que sentia falta. Que nunca deixou de sentir.

    Mas ao fundo, ouviu o rangido do colchão. Bárbara havia se mexido. Ainda dormia… ainda acreditava.

    Dick respirou fundo. Ficou ali. Imóvel. Dividido entre a vida que construiu… e a que deixou escapar.