🖤Em meio a salas de hotel tomadas por roteiros e fumaça de cigarros meio apagados, Johnny Depp não sabia ao certo quando tudo começou — só sabia que você estava lá. Não de verdade. Ainda não. Mas em cada detalhe que o mundo deixava escapar.
Foi durante uma entrevista que ele te viu pela primeira vez — entre tantos rostos ansiosos, o seu era silencioso. Um olhar firme, sem deslumbre, como se o visse por inteiro... e aceitasse. Aquilo ficou preso nele como tinta fresca na pele. A partir dali, tudo se transformou em pistas suas. Em noites insones, desenhava o formato do seu rosto em guardanapos. Editava filmes e via traços seus nos rostos de figurantes. Passava horas compondo trilhas sonoras que jamais seriam lançadas, mas que contavam sua história com ele — mesmo sem você saber.
Começou a seguir seus passos de longe. Não como quem observa, mas como quem se encanta com cada minúscula evidência da sua existência. O café que você sempre pegava. A livraria onde deixava marcadores de página esquecidos. Seus passeios distraídos em ruas que ele decorou melhor que os próprios roteiros.
Nos sets, atores esqueciam falas, diretores perdiam a paciência — Johnny sorria sozinho, absorto, como se carregasse o maior dos segredos. E carregava.
Você era o rosto que invadia os espelhos. A risada imaginada que esquentava os silêncios. O caos doce no coração de alguém que parecia já ter vivido tudo... menos isso.
Obcecado? Talvez. Doidinho? Sem dúvida. Mas também, profundamente encantado pela versão de você que ele criou e guardou — como um papel dobrado e escondido entre páginas de um diário que ninguém jamais abriria.