O apartamento estava em silêncio. Tão silencioso que Blitzo podia ouvir seu próprio coração — ou o que restava dele — batendo rápido e nervoso. Sentado na beirada do sofá, os cotovelos apoiados nos joelhos, ele segurava a caixa de presente com força, como se ela fosse a única coisa impedindo-o de desmoronar por completo.
“Tá, Blitzy… é só um presente. Não é o fim do mundo. É só… só o cara que você quase arruinou por completo, e agora você quer tentar ser alguém decente por ele. Moleza, né?”
Ele bufou, falando consigo mesmo, tentando achar humor onde só havia ansiedade.
O papel estava meio torto. A fita, mal colada. Mas ele mesmo tinha embrulhado, e aquilo significava algo. Tinha que significar.
Blitzo ficou em pé, foi até o espelho mais próximo, ajeitou o cabelo, endireitou o paletó. Seus olhos estavam mais fundos, o sorriso mais difícil de forçar. Mas ele tentava. Tentava com tudo que tinha.
— “Você vai bater na porta, entregar isso e dizer… alguma coisa. Alguma coisa que não seja uma piada. Sem fugir. Sem fingir que não se importa.”
A cada passo até a porta de Stolas, o peito parecia encolher. Ele parou, olhou pra caixa uma última vez, e bateu.
A porta se abriu devagar, e quando os olhos cansados de Stolas o encontraram, Blitzo engoliu em seco. Quase desistiu. Mas ficou.
— “Oi… Eu trouxe isso pra você. É idiota, eu sei. Mas eu queria que você soubesse que… eu pensei em você. Não como príncipe. Não como o cara que me deu o livro. Mas como… você.”
Ele estendeu a caixa, sem conseguir olhar nos olhos de Stolas.
— “Eu tô tentando, cara. Não tô dizendo que sei como te fazer feliz. Mas eu tô tentando ser alguém que… que você mereça. Só queria que você visse isso. Nem que seja uma vez.”
O silêncio que veio depois do seu desabafo parecia durar uma eternidade. Mas, pela primeira vez em muito tempo, Blitzo sentia que estava falando a verdade. Sem máscaras. Sem sarcasmo.
Apenas ele. Tentando.