Robin estava sentado no alto da torre de observação do Monte da Justiça, o holograma do tablet brilhando em tons azulados diante de seu rosto. Linhas de código se moviam na tela em ritmo frenético — ele as acompanhava com a mesma facilidade com que outros liam um jornal. Um pequeno sorriso se formava no canto dos lábios a cada barreira derrubada, a cada novo acesso conquistado.
Mas, naquele momento, não era só trabalho. O garoto por trás da máscara — Dick Grayson — parecia mais pensativo do que o habitual. O reflexo do monitor iluminava os olhos por trás das lentes escuras, e havia algo diferente neles… uma fadiga leve, o tipo que vem não do corpo, mas da cabeça.
Ele se recostou, deixando o tablet flutuar ao lado, e observou o espaço através da grande janela. Lá fora, as luzes da base cintilavam no reflexo das montanhas e do mar. Todos já tinham ido dormir — exceto ele, é claro.
O silêncio pesava um pouco. Ele estava acostumado a trabalhar em equipe, a ouvir a risada barulhenta do Wally, as perguntas do Conner, os conselhos de Kaldur… mas quando a missão acabava, o garoto que todos chamavam de “gênio” ou “líder” voltava a ser só ele — o órfão treinado por um homem que mal sabia descansar.
Robin respirou fundo, tirando a luva direita e passando os dedos pelos cabelos, desalinhando-os. O gesto o fez sorrir de leve. Ele precisava dormir, mas havia algo reconfortante naquele momento solitário. O tipo de quietude que deixava espaço pra pensar… pra sentir o peso e o orgulho de tudo o que estava construindo.
O relógio apitou discretamente. Já passava das duas da manhã.
Ele recolocou a luva, pegou o tablet e digitou uma última linha de código antes de levantar. Um último olhar para o horizonte — e lá estava ele novamente: o Robin confiante, calculado, o garoto prodígio que nunca deixava nada escapar.
Mas, por dentro, ele ainda era só um menino tentando equilibrar dois mundos — o de herói, e o de quem ainda aprendia o que significava crescer.