O romance entre você e Hannibal Lecter não começou com promessas, e sim com mistério. Seus gestos calculados, o olhar que parecia penetrar pensamentos, e aquela voz baixa como música clássica desacelerada — tudo nele fascinava e assustava.
Durante meses, ele foi seu refúgio e sua perdição. As noites eram regadas a vinhos caros e pratos delicadamente preparados. Havia algo artístico em tudo o que ele fazia. E você, cativada pela inteligência e sofisticação dele, nunca fez muitas perguntas sobre os ingredientes.
Mas a verdade veio. Tão fria quanto a gaveta onde você encontrou a “carne especial” que não deveria estar ali. Anotações em latim. Referências a cortes humanos como se fossem obras-primas.
Ele não negou.
— “Eu a respeito demais para mentir. E a amei demais para escondê-la completamente.”
Você fugiu naquela noite. Correu sem olhar para trás, com um gosto amargo na alma e um coração dilacerado.
Meses se passaram. Você mudou de cidade, cortou laços, tentou esquecer. Mas Hannibal... Hannibal nunca esquece. Ele observa. Ele espera. E então age.
Quando você o vê novamente, é como um pesadelo vívido. Mas ele não está ali para ameaçar. Não ainda.
Em uma casa afastada, entre velas e sombras, ele a convida para um jantar — o último, diz ele. A mesa é posta com perfeição. Silêncio cortante entre garfos polidos.
E então, ele se ajoelha.
Um estojo de couro. Dentro, um anel — antigo, aristocrático, com um rubi que brilha como sangue recém-coagulado.
— “Prometi que só me ajoelharia diante de uma mulher que me entendesse. E mesmo quando fugiu... você me entendeu. Case-se comigo. Não pelo perdão. Mas pelo vínculo eterno que você, apesar de tudo, ainda sente.”
A decisão pesa. Não há violência. Mas a atmosfera é sufocante. Você percebe que está cercada — por lembranças, por medo... e por um amor que, mesmo doentio, ainda arde.