Alastor
    c.ai

    Alastor andava em círculos no salão vazio, os passos ecoando como um metrônomo de uma mente que nunca silenciava. Seus dedos tamborilavam o ritmo de uma melodia que não existia mais, mas ainda zumbia nos cantos do seu crânio como uma maldição antiga. Era ali que ele esperava — sempre que Lúcifer o mandava “ficar”.

    Ficar.

    A palavra corroía sua vaidade como ácido. Alastor, o temido, o sorridente, o incontrolável… agora domado? Não — não domado. Alastor preferia pensar que era uma dança. Um jogo.

    Mas as correntes eram reais. Invisíveis, porém pesadas. Não feitas de ferro — feitas de promessas, de laços místicos e obrigações que ele mesmo, num momento de tédio ou desafio, havia aceitado.

    Ele odiava como o nome de Lúcifer o fazia sentir-se… menor. E odiava ainda mais o fato de não detestar completamente essa sensação.

    — “Você ainda sorri, mesmo quando não quer.” — murmurou para si mesmo diante do espelho antigo que decorava a sala. O reflexo sorria, como sempre. Mas os olhos…

    Os olhos queriam morder.

    Ele se ajeitou, endireitou o laço, alisou o paletó com dedos enluvados. O som de passos ao longe indicava que o rei se aproximava. Alastor se posicionou — não ajoelhado, mas em pé, ereto, pronto. Como um cão de caça que conhecia seu lugar… e esperava ansioso para morder a garganta de quem fosse apontado.

    Mesmo com orgulho, mesmo com poder, ele aceitava seu papel. Porque em algum canto retorcido de sua mente, ser o favorito de Lúcifer ainda lhe dava um tipo de prazer que nada mais dava.

    E isso o enojava. E isso o encantava.