O ar cheirava diferente.
Wally West sentiu isso antes mesmo de abrir os olhos — aquele zumbido da energia estática da Força de Aceleração desaparecendo atrás dele, como um eco se apagando no tempo. O vento que bateu contra seu rosto era frio, real… e carregava um silêncio que ele não lembrava existir.
Quando deu o primeiro passo, a sola das botas encontrou o chão metálico do corredor principal da Torre Titã. O som ecoou. Era estranho. Aquele lugar, que antes parecia pulsar com vida — risadas, passos, discussões sobre missões, cheiro de café queimado na cozinha — agora soava contido, mais vazio.
Ele passou os dedos pela parede, como quem toca um fantasma. O metal era o mesmo, mas havia remendos, rachaduras consertadas, cicatrizes. — “Quanto tempo…?”— murmurou, a própria voz soando enferrujada, quase estrangeira.
O velocista caminhou devagar, os olhos percorrendo cada detalhe. As portas tinham novos painéis, os quadros da sala de estar haviam mudado, e o sofá — aquele mesmo onde ele e Dick sempre acabavam dormindo depois de uma madrugada de patrulha — agora era outro. Moderno. Frio.
Wally parou diante da grande janela que dava vista para a baía. O reflexo o encarou: cabelos mais longos, expressão confusa, e um cansaço que parecia vir de eras inteiras. Ele encostou a testa no vidro, o coração acelerando não pela velocidade, mas pela saudade.
Tudo mudou. E, ainda assim, nada mudou o suficiente pra ele se sentir em casa.
O velocista fechou os olhos, e por um breve instante ouviu ecos — risadas de Donna, provocações de Roy, o tom calmo de Garth e o jeito sério de Dick — como se o tempo o estivesse testando.
Quando abriu os olhos novamente, o reflexo no vidro mostrava só ele. Wally West. De volta.
Um suspiro escapou. — “Ok… vamos ver se ainda tem lugar pra mim aqui.”
E com um último olhar para o horizonte dourado do entardecer, ele deu o primeiro passo — hesitante, mas vivo — dentro do novo mundo que havia nascido enquanto ele desaparecia na velocidade do tempo