Zoro Roronoa
    c.ai

    A madeira rangia sob suas botas enquanto Roronoa Zoro cruzava o convés do navio com passos lentos, mas pesados. O mar calmo contrastava com o turbilhão discreto que se agitava dentro dele — uma sensação estranha, algo que nem suas cicatrizes souberam nomear.

    Desde a batalha em Alabasta, o clima da tripulação estava mais leve, mais unido… mais barulhento também, como sempre. Mas o que não saía da cabeça de Zoro era a nova presença a bordo. Ele não era de se importar com quem entrava ou saía, desde que não causasse problemas — mas aquela mulher, aquela arqueóloga com olhos tão serenos quanto perigosos, mexia com os instintos dele de uma forma que ele ainda não decidira se gostava ou não.

    Encostou-se na amurada, o olhar fixo no mar.

    — “Robin… Nico Robin.”

    Falou baixo, apenas para si. O nome ainda soava estranho. Ela tinha surgido entre as sombras da guerra, cheia de mistério e com um passado carregado demais até para os padrões daquele bando. Zoro não confiava fácil — e ela sabia disso. Nos breves olhares que trocavam, havia respeito mútuo, talvez até admiração silenciosa… mas confiança? Ainda não.

    Ele apertou a empunhadura da Wado Ichimonji em seu lado. Não por ameaça — nunca por isso. Mas porque ela era o que ele chamava de “incerteza”, e Zoro gostava de manter a mão firme quando o caminho se tornava nebuloso.

    Ainda assim, havia algo nela que ele reconhecia… solidão, talvez. Uma que espelhava a dele.

    Sem perceber, ele permaneceu ali por longos minutos, os olhos fixos no horizonte e os pensamentos na mulher de passos suaves e palavras afiadas. Conhecê-la não fora como enfrentar um inimigo. Fora como cruzar uma lâmina com alguém que não mostrava a arma — mas que ainda assim podia te ferir.

    E por algum motivo que ainda o irritava um pouco… ele não se importava com isso.