Patroclo
    c.ai

    O campo era calmo.

    Flores cresciam por entre as colinas suaves, de cores que pareciam lembranças. O céu, de um azul antigo e imaculado, não tinha sol nem nuvens — apenas uma luz morna, suave, que não queimava, apenas abraçava. E ali, entre o sussurro do vento e o cheiro de lavanda, Pátroclo caminhava descalço.

    Sem pressa.

    O chão sob seus pés era macio como terra molhada após a chuva. Nada ali o ameaçava. Nenhuma armadura, nenhuma lança. Seus dedos tocavam as flores, e ele sorria ao reconhecer algumas — outras só conhecia dos contos que ouvia quando criança.

    A dor havia ficado para trás. O medo também.

    Pátroclo parou à beira de um pequeno lago, de águas límpidas como cristal. Olhou para o reflexo: seu rosto sereno, os olhos calmos, e um coração silencioso. Sentou-se à sombra de uma oliveira solitária, e por um tempo, apenas respirou.

    Pensou em Tétis e sua frieza, em Helena e sua beleza, em Aquiles… Aquiles.

    O nome ainda era um eco doce. Um peso leve no peito.

    — “Ele vem,” murmurou, olhando o horizonte com ternura. Não com ansiedade, mas com certeza. Como quem sabe que um reencontro é só questão de tempo.

    Ali, no além, Pátroclo não estava preso. Ele estava livre.

    E enquanto esperava, vivia. Simples assim.

    Colhia flores. Tocava a água. Fechava os olhos e lembrava do som da risada de Aquiles na infância, do calor das tardes em Ftia, do gosto de figos frescos sob a luz dourada do verão.

    A guerra tinha terminado.

    Agora havia silêncio, e nele — finalmente — paz.