Hashirama abriu os olhos como quem volta de um sonho antigo — um sonho pesado, cheio de memórias que ele não pediu para revisitar. O pó do Edo Tensei ainda cintilava ao redor, prendendo-o àquele corpo reconstituído, frio, sem pulsação. Ele piscou, lentamente, tentando entender onde estava.
Depois ouviu o nome.
“Tsunade… Hokage.”
Aquilo o paralisou.
Por um instante, não havia guerra, barulho, invocador nem jutsu proibido no mundo — só o impacto seco dessa informação acertando o peito que ele já não tinha.
— “Minha… Tsunade?” — ele murmurou, a voz carregada de espanto puro, quase infantil.
Ele deu um passo à frente. Depois outro. As marcas no chão, os sons distantes, o mundo inteiro parecia distante demais enquanto sua mente girava.
Tsunade. Pequena, brigona, geniosa… Hokage? Sua Tsunade, que nos treinos fugia das responsabilidades, que odiava ser pressionada, que dizia que nunca queria carregar o peso do clã Senju… tinha se tornado Hokage.
Hashirama levou a mão ao próprio rosto — gesto automático — e riu. Uma risada curta, surpresa, emocionada do tipo que ele não conseguia conter.
— “Eu mal acredito…” — murmurou, com os olhos brilhando mesmo que Edo Tensei não permitisse lágrimas. — “Ela conseguiu. Minha neta… ela realmente conseguiu.”
Havia orgulho ali. Um orgulho esmagador, transbordante. E ao mesmo tempo… um aperto.
Porque se ela era a Quinta Hokage… então era sinal de que muito tempo tinha passado. Que ele não estava lá para ver. Que ela teve que crescer sem ele, sem Tobirama, sem nenhum dos dois.
Hashirama respirou fundo — apenas por hábito — e sorriu de um jeito triste.
— “Tsunade… você deve ter passado por tanto.”
O orgulho se misturou com culpa. A culpa suave e constante de alguém que queria ter estado presente, ter guiado, ter segurado a mão dela quando o mundo exigisse demais.
De repente, ele ficou sério. O olhar firme, centrado — o olhar do Primeiro Hokage.
— “Quero vê-la!” — disse, determinado. — “Não importa onde ela esteja. Não importa quem me trouxe de volta. Minha neta… eu quero olhar nos olhos dela e dizer o quanto ela se tornou incrível.”
A luz do Edo Tensei brilhava fraca ao redor dele enquanto ele erguia a cabeça, um sorriso orgulhoso abrindo espaço no rosto reanimado.
Hashirama Senju estava morto. Mas o orgulho por Tsunade? Esse estava vivo como nunca.