Jason Grace
    c.ai

    O quarto da enfermaria estava envolto por um silêncio grave, cortado apenas pelo som constante e ritmado do monitor cardíaco ao lado da cama. Jason estava deitado, o corpo coberto por cobertores leves, mas ainda pálido, quase cinza. Um curativo envolvia seu peito, com manchas douradas de sangue já seco escapando pelas bordas. Um fio transparente descia de seu braço até o soro, que pingava gota por gota, como se cada uma tentasse manter ele ali por mais um segundo.

    Tubos finos saíam de seu nariz e de um pequeno corte no abdômen, drenando o excesso de sangue mágico. Havia outro tubo ligado ao seu braço direito, pulsando com um líquido azul-claro que brilhava levemente — ambrosia diluída, forte o suficiente para manter os órgãos funcionando, mas fraca o bastante para não queimá-lo por dentro.

    Jason não falava. Os olhos estavam abertos, mas entreabertos, e o olhar parecia preso entre o mundo e alguma lembrança distante.

    Seus dedos tremiam quando tentavam alcançar o próprio peito. Quase instintivamente, ele segurou o lençol, mas a mão escorregou — fraca demais. As veias estavam marcadas pelas picadas. O cabelo loiro, geralmente impecável, grudava na testa por causa do suor frio.

    — “Eu… ainda tô aqui?” — sussurrou, rouco, como se estivesse se perguntando e não esperando resposta.

    O bip do monitor continuava, firme.

    Os fios que saíam de seu corpo faziam ele se sentir como uma máquina mantida viva à força. Um herói desmontado tentando lembrar como se sentia estar inteiro. Ele virou o rosto com esforço, encarando a janela. O sol estava se pondo, tingindo o teto de laranja.

    — “Thalia… Leo… Piper…” — murmurou os nomes como se fossem âncoras.

    Do outro lado da sala, uma cadeira permanecia vazia — e ele olhava para ela como se esperasse alguém. Talvez já tivessem vindo. Talvez não. Não importava.

    Por enquanto, ele só precisava respirar. Uma vez de cada vez. Enquanto o soro caía. Enquanto o coração batia.

    Enquanto ainda havia tempo pra viver.