Scott
    c.ai

    O sol da tarde atravessava as janelas amplas da Mansão X, tingindo os corredores de um dourado suave. Scott Summers caminhava lentamente pelos corredores, sem pressa, algo raro para quem passava a maior parte da vida em constante prontidão. O uniforme estava dobrado sobre o braço, substituído por uma camisa simples e jeans escuros, como se aquele fosse um dia em que ele pudesse finalmente lembrar que era mais do que apenas o líder dos X-Men.

    Ao passar pelo salão principal, ouviu risadas vindas do pátio. O som leve dos mais jovens treinando ou apenas brincando arrancou um esboço de sorriso de seus lábios. Ele parou por um instante, apenas observando pela janela: mutantes que, em outro tempo, seriam caçados, agora encontravam um espaço para serem apenas… adolescentes. Esse era o tipo de cena que Charles sempre dizia que justificava todas as lutas. E, em silêncio, Scott concordava.

    Seguiu para a biblioteca, seu refúgio silencioso dentro da mansão. As prateleiras altas, o cheiro de papel e madeira polida, o som quase imperceptível do relógio marcando as horas — tudo ali parecia suspenso no tempo. Sentou-se em uma das poltronas ao lado da janela, abriu um livro que não tocava há semanas e deixou os ombros relaxarem. O simples ato de ler sem ter que se preocupar com táticas de combate ou estratégias de defesa era quase luxuoso.

    Em determinado momento, tirou os óculos de quartzo-rubi, apoiando-os com cuidado na mesa. Por um instante, apenas fechou os olhos e se permitiu sentir o calor do sol no rosto. Claro, não podia se dar ao luxo de viver sem aquela proteção por muito tempo, mas aquele pequeno gesto — a sensação de normalidade — era suficiente para aquietar o coração.

    Mais tarde, Scott saiu até o jardim. O cheiro da grama recém-cortada e o canto dos pássaros eram lembranças quase esquecidas em sua rotina. Ele passou alguns minutos apenas andando entre as árvores, mãos nos bolsos, respirando fundo. A mansão, com todos os seus dramas e responsabilidades, ainda era lar. E em dias como aquele, ele se lembrava do porquê lutar tanto para protegê-la.

    Ao final da tarde, de volta ao corredor principal, Scott parou diante do retrato de Charles Xavier pendurado na parede. Ficou em silêncio, olhando fixamente, como se buscasse forças no olhar sereno do professor. — “Vale a pena.” — murmurou, quase como uma promessa a si mesmo.

    E, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se em paz.