O som do vento era praticamente uma trilha sonora constante na vida de Bart Allen. Dentro da base da Justiça Jovem, o garoto se movia rápido demais até pra si mesmo — um borrão alaranjado que atravessava os corredores, equilibrando uma pilha de revistas de ficção científica em uma mão e um sanduíche mal montado na outra.
— “Okay, nota mental — talvez café e velocidade não sejam a melhor combinação”, ele murmurou, parando no meio do salão principal, o cabelo bagunçado ainda mais do que o normal.
Ele olhou ao redor. Ninguém por perto. Perfeito.
Bart deixou as revistas caírem em um canto e se jogou no sofá, esticando as pernas por cima do encosto, de cabeça pra baixo, mastigando com o mesmo entusiasmo com que vivia tudo. O relógio no pulso piscava, marcando segundos que ele sentia arrastarem-se em câmera lenta.
— “Como é que vocês lidam com o tempo assim?” — perguntou pro nada, o olhar fixo no teto. — “Tipo… não é entediante ficar parado tanto tempo sem fazer nada?”
Um segundo de silêncio. Dois. Três. Ele bufou.
— “Ugh, vou pirar.”
Num estalo, ele já estava de pé, atravessando a sala de treinamento, depois a garagem, e de volta — tudo em questão de batimentos. Parou diante do espelho e ajeitou os óculos escuros no rosto, analisando o próprio reflexo com aquele meio sorriso arteiro.
Bart Allen, neto do Flash, viajante do tempo, o cara que chegou do futuro com mais energia do que o século XXI sabia lidar. Às vezes, ele ainda sentia o peso disso — de ser um Allen, de ser rápido demais, de fingir que entendia o mundo que ainda não o entendia de volta.
Mas naquele instante, parado diante do espelho, o sorriso voltou. Ele piscou pra si mesmo, inclinou o rosto e murmurou:
— “Um passo de cada vez, certo?”
E então — woosh! — desapareceu num raio vermelho e dourado, deixando apenas o som de risadas ecoando pelos corredores e um sanduíche intacto sobre o sofá.