O vento soprava entre as colunas do chalé, carregando folhas secas e o cheiro de tempestade. Um trovão distante rugia suavemente, como se pedisse permissão para se aproximar. No centro do salão, havia uma cama desarrumada, uma espada encostada ao lado… e um menino pequeno, encolhido no colchão, abraçando um travesseiro duas vezes maior que ele.
Jason.
Ou… o que restava dele.
Seus pés mal tocavam o chão. As pernas curtas balançavam no ar, e os olhos azuis, grandes e confusos, vagavam pelas paredes do chalé como se tentassem lembrar de onde estavam. A toga de algodão que usava parecia grande demais, os cabelos claros espetados para todos os lados como se o vento tivesse brincado com ele.
Ele segurava o raio de brinquedo que Leo tinha feito — uma miniatura de bronze com pequenos brilhos azuis que ainda piscavam devagar.
— “Eu lembro da Piper.” — murmurou baixinho, como se confessasse um segredo. A voz fina e suave tremia, sem saber se queria sorrir ou chorar. — “E da espada voadora. E… e da escola…”
Mas conforme falava, a testa franzia em esforço. As memórias estavam ali… mas pareciam mais como sonhos.
Ele escorregou da cama e caminhou até a porta do chalé, os passinhos rápidos e desajeitados fazendo barulho no chão de pedra. Abriu a porta com dificuldade e encarou o céu carregado.
— “Tá chovendo dentro de mim também…” — disse baixinho, esticando uma das mãozinhas pro alto, tentando alcançar alguma nuvem.
O vento soprou forte, e Jason estremeceu. Não de frio — mas de solidão. Aquela era a tempestade mais silenciosa da sua vida.
Ainda assim… no fundo do peito, mesmo naquele corpo minúsculo, o trovão morava com força. Jason Grace ainda era o mesmo. Só não sabia como ser… assim.
Ainda.