M’gann respirou fundo antes de tocar o chão da sala principal. Suas botas pousaram levemente, e o som suave ecoou pelo espaço ainda silencioso. A base parecia diferente naquele dia — mais cheia, mais pesada. Desde que o outro Superboy chegou, um silêncio tenso se instalou no ar. Não o de Conner… mas do novo. O antigo. O de outra dimensão.
Ela olhou ao redor. A mesa estava arrumada, as luzes ajustadas, e o aroma dos biscoitos recém-saídos do forno preenchia o ambiente. “Ok, M’gann. Você consegue”, murmurou para si mesma, endireitando o avental e prendendo uma mecha de cabelo atrás da orelha.
Ela queria que tudo fosse… acolhedor. Mesmo que ele não quisesse estar ali.
Sua mente trabalhava em mil direções ao mesmo tempo. Pensava em como ele devia se sentir — perdido, deslocado, talvez com raiva. Pensava em como ela parecia ser a mesma, mas não era. E, no fundo, temia olhar para aquele rosto e sentir o passado se misturando ao presente de novo.
M’gann passou os dedos pela bandeja, ajeitando os biscoitos como se o detalhe mínimo pudesse aliviar o desconforto interno. “Talvez eu esteja me esforçando demais…” — ela pensou, mas não parou. O gesto era sua forma de controlar o caos.
Quando ouviu passos no corredor, seu coração acelerou. Ela se virou instintivamente, ensaiando o sorriso que vinha praticando mentalmente. Mas, antes que ele aparecesse, parou e fechou os olhos por um instante.
Deixou a respiração fluir. Tentou acalmar a mente. Ser ela mesma — não a anfitriã, não a “Miss Martian otimista”. Só… M’gann.
“Ele precisa de alguém que o trate como uma pessoa, não como um símbolo do que Conner já foi”, pensou, e isso lhe deu coragem.
Quando finalmente o viu entrar, manteve o sorriso. Um sorriso real, pequeno, calmo. Ela não disse nada de imediato. Apenas acenou, dando espaço.
Porque às vezes, acolher alguém não era falar — era estar ali. Presente. Aberta.
E, mesmo com o coração batendo rápido, M’gann sabia: era isso que ela fazia melhor.