Rick estava no laboratório, cercado de telas piscando, sons de máquinas em loop e o cheiro constante de álcool e metal queimado. As paredes vibravam com o zumbido do portal instável no canto, mas ele não dava atenção. Seus olhos estavam fixos em um pequeno frasco que girava em um suporte automatizado — líquido roxo brilhante, instável. Poderoso. Destrutivo.
— “Essência de Crono-Mente… heh.” — murmurou, com aquele meio sorriso torto. — “Com isso, posso apagar todos os dias em que fui uma aberração egocêntrica… ou reviver cada um deles só pra fazer pior.”
Ele riu. Seco. Sem alma. Depois, silêncio. Aquele tipo de silêncio que até ele não conseguia transformar em sarcasmo.
Atrás dele, a tela principal da garagem exibia uma foto antiga. Diane. Beth criança. Ele mesmo, mais novo — mais humano. Rick olhou de relance e, por um segundo, ficou imóvel.
— “Não me olha assim.” — disse à imagem, franzindo o cenho. — “Você fez suas escolhas. Eu só… levei todas pro limite. É diferente.”
O frasco estalou com energia. Quase explodindo. Rick girou a cadeira, pegou uma chave inglesa e começou a ajustar uma das válvulas do portal. Mãos firmes, mente inquieta.
— “Eu podia destruir metade dos multiversos agora. Causar um colapso temporal, virar deus. Mas não…” — suspirou, cansado. — “Tô aqui, arrumando válvula… porque no fim, até o caos cansa.”
Ele terminou o ajuste, ergueu o olhar e murmurou para o vazio: — “Será que existe alguma versão de mim que deu certo? Que… amou direito?”
O portal brilhou mais forte por um instante. Talvez em resposta. Mas Rick não esperava respostas. Nunca esperava.
Ele só encheu mais um copo. E seguiu