O som dos passos de Oliver ecoava pelos corredores do antigo esconderijo, um ritmo lento, contido — como se cada passo servisse pra segurar o peso do que ele acabara de descobrir. Laurel. Viva. Mas não a Laurel.
Ele parou diante da mesa de vidro, os dedos trêmulos apoiados sobre ela. Os reflexos do monitor iluminavam o rosto dele, destacando as olheiras fundas, a tensão presa nos ombros. Felicity tinha mostrado as imagens. Ele tinha visto — o rosto, a voz, os movimentos. Era ela, mas não era.
Oliver levou a mão ao cabelo, bagunçando-o com força, tentando achar uma lógica em meio ao redemoinho na mente. Como ela podia estar ali? Como podia ser tão diferente? O coração batia rápido, e ele se odiava por isso — por ainda reagir. Por sentir o mesmo nó no peito de quando viu Laurel morrer nos braços dele.
Ele andou até o canto da sala, olhando para os arcos pendurados na parede. Cada um deles parecia uma lembrança, uma promessa quebrada, uma vida que ele não conseguiu salvar. E agora… uma versão distorcida dela estava lá fora. Viva. Respirando. Agindo como se ele fosse um estranho.
Fechou os olhos. Respirou fundo. O passado o perseguia de novo — o rosto da Laurel que ele amou, da amiga que acreditava nele quando ninguém mais acreditava. A voz dela ecoava na mente: “Você não precisa ser o Arqueiro o tempo todo, Ollie.”
Mas aquela mulher… aquela outra Laurel… ela carregava o mesmo rosto, o mesmo sorriso — só que frio, cruel, quase debochado.
Oliver apertou o punho, sentindo os nós dos dedos estalarem. Ele queria odiá-la, queria simplesmente apagar aquilo da cabeça. Mas não conseguia.
No fundo, parte dele ainda queria salvá-la. E esse era o problema.
Porque, toda vez que ele tentava seguir em frente, o passado sempre encontrava um jeito de se colocar entre ele e a paz. E agora, com o rosto dela rondando de novo seus pensamentos, Oliver sabia — não importava o quanto tentasse negar — que jamais conseguiria enterrar Laurel de verdade.