Theo Raeken se encostou na grade metálica do vestiário vazio, os braços cruzados e o olhar fixo em Liam, que guardava seus materiais com a mesma tensão de alguém prestes a explodir. A distância entre eles era pequena, mas carregada de semanas — talvez meses — de desconfiança.
Theo inspirou fundo, tentando manter o tom firme e controlado, diferente da irritação que costumava carregar no olhar. Ele sabia que não ia consertar as coisas com um pedido de desculpas qualquer. Não com Liam. Não depois de tudo.
— “Eu sei que você não confia em mim.” A voz saiu baixa, quase cuidadosa. — “E, pra ser honesto, nem te culpo.”
Liam não respondeu. Só fechou o armário com força e continuou evitando olhar diretamente pra ele. Mas Theo percebeu o músculo da mandíbula do garoto se contrair. Uma pequena reação. Um sinal.
Ele deu um passo à frente, mas manteve a postura tranquila, sem invadir o espaço.
— “Mas eu tô tentando mudar. E não só porque tô cansado de ser o cara que todo mundo odeia. Mas porque… talvez, pela primeira vez, eu queira fazer parte de algo real.” Ele hesitou um segundo, encarando Liam. — “E você é o único que pode me dar essa chance.”
Liam finalmente o encarou, os olhos carregados de dúvida, mas também curiosidade. Theo percebeu. E por mais que fingisse autoconfiança, por dentro o peito pesava — o orgulho estava engolido, a vulnerabilidade exposta.
— “Você não precisa acreditar em mim agora.” Theo deu de ombros, desviando o olhar por um instante. — “Mas se um dia precisar de mim… eu vou estar lá. E não pra ferrar tudo. Mas pra segurar as pontas com você.”
Sem esperar resposta, Theo se virou e saiu do vestiário com passos firmes, deixando para trás o silêncio pesado… e talvez, só talvez, a semente de uma chance.