O sol da manhã entrava pelas janelas grandes da creche, desenhando faixas douradas no chão colorido de tapetes e brinquedos espalhados. Wally West, com seus cabelos ruivos bagunçados e um sorriso faltando um dente, estava sentado em uma mesinha baixa, com um copo de suco e um prato de biscoitos de formato estranho à sua frente.
Ele balançava as perninhas curtas no ar, impaciente — não porque o lanche não estivesse bom, mas porque tudo parecia demorar demais. A professora ainda estava ajudando outra criança a abrir o suco, e Wally já tinha terminado o dele há uns quarenta segundos. O suficiente pra ele começar a olhar pros lados, procurando algo mais divertido pra fazer.
O pequeno velocista apoiou o queixo nas mãos e soltou um suspiro exagerado. — “Tô entediado…” — murmurou, mexendo o biscoito no prato até ele se partir no meio.
A professora virou de longe, com aquele olhar que dizia “fique aí, Wally”, e ele sorriu inocente, como se nem tivesse pensado em se levantar. Mas bastou ela se distrair que ele já estava de pé, correndo (ou o mais rápido que uma criança de quatro anos podia correr sem parecer um borrão) até o canto dos blocos de montar.
Sentou-se no chão e começou a empilhar pecinhas vermelhas e amarelas, língua de fora num gesto de concentração extrema.
— “Tô construindo um foguete,” — avisou para ninguém em especial, embora um garotinho ao lado o olhasse curioso. — “Vai voar até o espaço! E… e eu vou pilotar!”
A torre de blocos caiu antes que pudesse terminar, espalhando peças pra todo lado. Por um segundo, Wally olhou o desastre com expressão séria — depois, começou a rir alto, o tipo de riso que contagiava qualquer um perto dele.
Logo estava tentando montar tudo de novo, dessa vez com ainda mais peças, narrando em voz alta a missão espacial imaginária que já envolvia alienígenas e panquecas flutuantes.
Quando a professora chamou o grupo pra hora da história, Wally relutou um pouco — a missão ainda não tinha acabado! —, mas acabou se juntando aos outros, sentando-se de pernas cruzadas no tapete.