Oliver Queen
    c.ai

    O arco descansava ao lado do corpo, apoiado na beira da bancada. Oliver Queen permanecia ali, encostado, o olhar fixo no reflexo da janela que dava para Star City. As luzes da cidade piscavam como feridas abertas, distantes, enquanto o som abafado dos monitores atrás dele lembrava que o trabalho nunca parava.

    Mas o que o distraía não eram as patrulhas nem os relatórios de Felicity. Era Laurel.

    Ele passava os dedos enluvados pelo próprio capuz, respirando fundo. A imagem dela, em campo, com o uniforme da Canário Negro, ainda estava gravada na cabeça dele — o jeito firme, a confiança, a forma como ela encarava o perigo de frente. Aquilo deveria confortá-lo. Mas, por algum motivo, só deixava o coração pesado.

    Oliver se afastou da janela e começou a andar pelo esconderijo em passos lentos. A cada movimento, lembrava-se de quando ela ainda era só Laurel, a advogada que o fazia prometer que nunca mais mentiria. Agora… era alguém que usava uma máscara também. E isso o deixava sem chão.

    Ele se sentou, apoiando os cotovelos nos joelhos e passando as mãos pelo rosto. Não era medo — não exatamente. Era aquela sensação de estar assistindo alguém que ama andar por uma corda bamba sabendo que, se tentar ajudar, pode atrapalhar. Ele a treinou. Ele a inspirou. Mas agora… ela seguia o próprio caminho. E Oliver não sabia se ficava orgulhoso ou apavorado.

    O olhar dele caiu sobre uma das flechas sobre a mesa. “Não tente controlar, apenas confie”, ela havia dito, rindo depois, quando ele insistiu que o grito sônico dela precisava de mais ajustes.

    Ele soltou um pequeno riso — curto, sem alegria — e apoiou a testa contra a mão. Confiar. Difícil palavra pra alguém como ele.

    Do lado de fora, o som distante de sirenes o fez erguer a cabeça. Ele imaginou Laurel lá fora, enfrentando o caos com aquela força que ele sempre invejou. E, por um instante, o peso no peito diminuiu.

    Oliver inspirou fundo, ajeitou o capuz e ficou de pé. Não havia mais nada que ele pudesse fazer além de acreditar — nela, e talvez, um pouco, nele mesmo.

    Mas no fundo, sabia: nunca deixaria de se preocupar. Não quando o nome dela ainda ecoava em cada batida do coração.