Tom empurrou a porta com o ombro. Ela rangeu como sempre, mas o som que veio em seguida não foi o que ele esperava. Estalos. Vidro quebrando sob sua bota. O cheiro metálico de energia queimada.
A sala de Tord estava um caos.
Mapas rasgados. Papéis espalhados como se um vendaval tivesse passado por ali. A cadeira virada, a mesa parcialmente quebrada. As telas, normalmente exibindo códigos e estratégias em vermelho brilhante, agora estavam pretas, rachadas — uma delas com uma fissura no centro, como se algo tivesse sido arremessado ali com força.
Tom parou na porta. Só respirou.
Nenhuma pergunta veio à mente. Nenhuma exclamação. Só um silêncio estranho crescendo dentro dele. Como uma ausência de resposta, mesmo quando tudo gritava.
Caminhou devagar pelo cômodo, os passos ecoando suaves, abafados pelos destroços. Um dos arquivos secretos estava aberto. Isso não era comum. Tord não deixava nada vulnerável. Nada.
Tom se agachou. Pegou um dos papéis caídos. Reconheceu o símbolo no canto inferior: plano de evacuação. Emergência de nível Omega.
— “Você não faria isso sem me avisar…” — murmurou, quase sem perceber que havia falado em voz alta.
Levantou o olhar. Agora havia uma sensação estranha na nuca. Não medo — Tom já não conhecia esse sentimento. Mas um tipo de alerta silencioso, de quem sabe que está sozinho demais num lugar onde não deveria estar.
A arma na lateral do cinto deslizou para a mão sem esforço. Reflexo.
Tom se virou, os olhos sem pupilas varrendo a sala como faróis apagados. O silêncio agora era pesado. Tord não estava ali. E isso, mais do que tudo, era o que incomodava