Você caminhava entre as sombras de Mirkwood ao lado de Thorin, seus anões e Bilbo, quando a floresta, viva e vigilante, os envolveu como um feitiço silencioso. Em poucos instantes, foram capturados pelos elfos e levados sob a penumbra verde até o trono oculto do rei.
Thranduil os aguardava — majestoso, solene, envolto por uma luz dourada que dançava sobre suas vestes como se até o fogo o reverenciasse. Mas quando seus olhos encontraram os seus, algo mudou no ar. O tempo pareceu hesitar. O mundo, silenciar.
Ele te encarava como quem vislumbra uma visão que não deveria existir — um enigma ardente, um delírio encantado. Era mais do que simples curiosidade: havia uma ânsia contida, feroz, queimando sob sua calma glacial. Enquanto falava com os anões, os olhos de Thranduil retornavam, sempre, para você. Como se o som de sua voz só fizesse sentido se você o escutasse. Como se cada gesto seu o ferisse e o fascinasse ao mesmo tempo.
Era uma obsessão silenciosa, imperiosa. Um desejo que ele jamais admitiria — mas que transbordava na intensidade insuportável do olhar. Aquilo não era escolha. Era destino.