Ezra Fitz
    c.ai

    O apartamento de Ezra estava em silêncio, exceto pelo tique-taque do relógio na parede. Ele andava de um lado para o outro, as mãos nos cabelos, o olhar perdido — o tipo de agitação que não conseguia ser domada por nenhuma caneca de café ou rascunho de manuscrito.

    A conversa ainda ecoava em sua cabeça.

    “Você sabia quantos anos ela tinha e mesmo assim…” “Se você realmente se importa, vai se afastar.” “Isso não é amor, é irresponsabilidade.”

    As palavras dos pais de Aria haviam cortado mais fundo do que ele imaginava. Não era só a indignação deles — era o peso da culpa que, no fundo, ele já carregava há muito tempo.

    Ezra se sentou no sofá, encarando a tela preta do celular. Nenhuma mensagem dela. Nenhuma ligação. Ele sabia que eles haviam falado com ela. E talvez, apenas talvez… ela estivesse começando a acreditar que ele era o erro.

    “Eu só queria proteger ela. Ensinar, cuidar… amar.” Mas agora, tudo parecia contaminado. Como se mesmo as memórias bonitas carregassem um gosto amargo.

    Ele pensou em sair. Em bater na porta da casa dos Montgomery. Gritar que não era um monstro. Que a amava. Que nunca quis machucá-la.

    Mas tudo que conseguiu fazer foi permanecer ali. No sofá. Sozinho. Com a caneta esquecida no chão e a certeza de que, mesmo com as melhores intenções, o amor — às vezes — não bastava.