O barulho do refeitório parecia distante. Archie mexia distraidamente nas batatas fritas do prato, sem realmente comer. Os olhos dele estavam fixos em Betty, à frente, mas a mente estava longe, tentando acompanhar o turbilhão de palavras que ela soltava — o nome FP, Jughead, prisão, culpa, tudo se misturando como uma batida confusa dentro da cabeça dele.
Ele não sabia o que dizer. Apenas observava. Betty gesticulava, falava rápido, a voz tremendo entre raiva e desespero, e Archie sentia o peso daquilo. Ele conhecia o Jughead. Sabia o quanto aquele garoto já tinha aguentado, e agora… mais isso.
Archie passou a mão pelos cabelos, respirando fundo. Queria ajudar, mas não tinha ideia de como. Essa era uma daquelas situações em que força física não servia pra nada — e era a única coisa em que ele realmente se sentia confiante.
O som de uma bandeja caindo do outro lado do refeitório fez Archie desviar o olhar por um instante. Tudo parecia continuar normal, e isso o incomodava. Como o mundo podia seguir igual enquanto o da Betty desabava?
Quando olhou de novo pra ela, a voz dela já estava falhando. Archie franziu o cenho, o peito apertando. Quase sem pensar, ele se inclinou um pouco pra frente, apoiando os antebraços na mesa. O olhar dele era calmo, firme — um contraste ao caos que Betty despejava.
Não disse nada. Só ficou ali, ouvindo. E às vezes, isso bastava.
Enquanto ela falava, ele assentia lentamente, um gesto simples, mas cheio de presença. Por dentro, o ruído era outro — preocupação com Jughead, com o que viria, e com o quanto todos pareciam estar sempre à beira de perder o controle.
Mas Archie não mostrava nada disso. Ele só respirava fundo, observando, o maxilar contraído e o olhar fixo na amiga.
Por mais confuso que estivesse, ele sabia que uma coisa era certa: não ia deixá-la enfrentar isso sozinha.