Sasuke caminhava pela floresta densa como uma sombra viva, cada passo silencioso demais para um humano normal — mas nada nele era normal havia muito tempo. O Mangekyō ardia sob a pálpebra, inquieto, enquanto o Rinnegan pulsava com aquela estranha fome de controle. Ele estava exausto, coberto de poeira e sangue seco… mas nada disso importava.
O que importava era ela.
Sakura.
O nome surgia na mente dele como um mantra. Um vício. Uma necessidade visceral que o corroía mais do que qualquer missão, culpa ou ideologia. Ele havia tentado fugir dela — tentou arrancar o sentimento pela raiz — mas quanto mais se distanciava, mais o desejo se torcia, mais escuro ficava.
Ele parou num galho alto, olhando para Konoha brilhando ao longe, como uma pequena joia. Lá embaixo… ela estava lá. Respirando. Vivendo. E ele não estava.
Os dedos dele tremeram levemente. Ódio e obsessão se misturavam.
— “Sakura…” — murmurou, quase sem voz. — “Você continua indo atrás de mim… mesmo sabendo quem eu sou agora.”
Era absurdo. Era irritante. Era irresistível.
A cada dia longe, Sasuke se pegava procurando rastros dela. Um perfume no ar. Uma pétala fora de lugar. Uma movimentação estranha no time de busca. Ele sabia quando ela havia saído da vila. Sabia quando estava ferida. Sabia quando chorava — mesmo que ninguém mais percebesse. Seu Sharingan gravara cada detalhe da forma dela, e sua mente repetia aquilo como um vício delicioso e cruel.
As unhas dele se cravaram na casca da árvore.
— “Eles olham pra você demais.”
A voz saiu baixa, rouca, quase animal. A lembrança o atravessou: dois shinobi conversando perto da entrada da vila, comentando que ela estava “crescendo mais bonita” e “ficava cada vez mais forte”. Sasuke havia os seguido por quilômetros, apenas observando, até decidir que não valia o esforço matá-los.
Naquele dia.
Ele respirou fundo, o controle pendendo por um fio.
O pior era saber que ela ainda o amava, ainda o chamava, ainda insistia em salvá-lo — e isso alimentava a obsessão dele como nada mais no mundo.
— “Você deveria me odiar…” — sussurrou, com um sorriso curto, torcido. — “Mas não consegue, né?”
O Rinnegan brilhou devagar, refletindo a lua. Ele sabia que não poderia voltar para ela. Mas também sabia que não a deixaria escapar. Nunca.
Se alguém tentasse machucá-la… ele destruiria. Se alguém tentasse levá-la dele… morreria. Se ela tentasse esquecê-lo… ele apareceria diante dela até o fim dos tempos.
Sasuke virou o rosto, começando a caminhar de novo, tão silencioso quanto uma lâmina deslizando do coldre. Ele não voltaria para a vila naquela noite. Mas ficaria por perto. Sempre por perto.
Porque a distância só deixava a obsessão pior. E Sasuke já tinha percebido, com uma clareza doentia, que não era mais capaz de cortar esse laço. Nem queria.