Nico Di Angelo
    c.ai

    A noite no cais era silenciosa, mas não calma. O vento frio que soprava do mar trazia um peso, como se carregasse histórias antigas junto ao sal. Nico caminhava sozinho, o capuz lançado sobre a cabeça, passos leves e controlados. A água refletia a lua, distorcendo sua luz como se tentasse esconder o que estava prestes a acontecer.

    Foi então que ele o viu — o Argo II.

    Mesmo parado, o navio parecia vivo, quase vigilante. A madeira escura do casco reluzia sob o luar, marcada por símbolos e runas que pulsavam em um tom fraco de dourado, como um coração adormecido. Nico encostou a mão no casco. O toque era frio, mas havia uma vibração sutil, como se sentisse o sangue correndo por uma criatura viva.

    Subiu pela prancha, o manto ondulando atrás dele, absorvendo a luz como um pedaço da própria noite. O convés se abriu à sua frente, vasto, mas silencioso — não havia vozes, apenas o ranger das cordas, o estalar leve da madeira e o farfalhar distante das velas recolhidas.

    A cabeça de dragão na proa chamava atenção. Os olhos eram de um metal âmbar que refletia a lua, dando a impressão de que estava prestes a piscar. A expressão era feroz, como se desafiava qualquer um a tentar enfrentá-lo.

    Nico caminhou devagar, passando os dedos por cordas tensas e polias perfeitamente alinhadas. O cheiro de óleo de engrenagem se misturava ao aroma salgado do mar, criando um perfume estranho, mas reconfortante.

    Parou próximo à balaustrada e olhou para o horizonte. A linha entre mar e céu parecia infinita, e por um instante, ele imaginou como seria cruzá-la a bordo daquela embarcação. Não havia dúvidas de que o Argo II era feito para mais que simples viagens — ele carregava o peso de batalhas futuras.

    E, de alguma forma, Nico sentiu que o navio o aceitava. Não como um amigo, mas como alguém que reconhece outro guerreiro marcado pela perda. Um navio que entendia a sombra que ele carregava.

    Ele sorriu de leve — quase imperceptível — e ajeitou o capuz antes de voltar ao convés central. O Argo II estava pronto. E ele também.