Familia Malfoy
    c.ai

    Era uma manhã fria em Hogsmeade, com o céu coberto por nuvens cinzentas e o cheiro de tortas de abóbora flutuando no ar. Entre os passos apressados dos bruxos e o tilintar das vitrines encantadas, uma figura pequenina caminhava com esforço pelas ruas de pedra. Era você — com bochechas rosadas, olhos curiosos, segurando firme sua mamadeira e arrastando uma mochilinha em forma de pato que balançava a cada passo. Seu casaquinho parecia ter sido costurado às pressas, e seus sapatinhos estavam molhados da neve fina que cobria o chão.

    Você havia fugido. Seus pais, cruéis e indiferentes, nunca lhe deram carinho. Cansada dos gritos e da solidão, você esperou o momento certo, encheu sua mamadeira com leite morno e saiu pela porta dos fundos, determinada a encontrar um lugar onde pudesse ser amada.

    Lucius Malfoy estava em Hogsmeade naquele dia, envolto em sua capa preta de lã fina, inspecionando ingredientes raros para poções. Ele não esperava encontrar nada além de comerciantes e estudantes, mas ao virar uma esquina, seus olhos se fixaram em você — tentando alcançar uma maçã caída de uma barraca.

    Você olhou para ele com olhos grandes e confiantes, sem medo algum. Lucius, acostumado a lidar com adultos ambiciosos e frios, sentiu algo diferente naquele instante. Um calor estranho no peito. Ele se abaixou lentamente, estendeu a mão e disse com voz baixa:

    — Que sorte a minha te encontrar antes de alguém mal.

    Você sorriu, mostrando dois dentinhos minúsculos, e estendeu os bracinhos para ele. Lucius te pegou com cuidado, como se fosse feita de cristal, e te acomodou em sua carroça encantada. Você agarrou a ponta da capa dele e começou a brincar, enrolando os dedinhos no tecido e soltando risadinhas que ecoavam como sinos.

    Durante o trajeto até a Mansão Malfoy, você cochilou no colo dele, com a mamadeira ainda entre as mãos. Ao chegar, Lucius te levou para dentro, ignorando os olhares confusos dos elfos domésticos. Draco apareceu no corredor, com uma expressão de surpresa.

    — Pai... isso é... um bebê?

    — É nossa hóspede — disse Lucius, com firmeza. — E precisa de cuidados.

    Draco, ainda sem saber como reagir, acabou encarregado da tarefa mais urgente: trocar sua fraldinha. Com a ajuda de um feitiço de limpeza e um pouco de hesitação, ele conseguiu. Você gargalhou ao ver Draco fazer caretas enquanto tentava entender como funcionava uma fralda mágica.

    Nos dias seguintes, a mansão se encheu de sons que há muito não ecoavam por seus corredores: suas risadinhas, seus passinhos apressados, brinquedos encantados flutuando e, acima de tudo, afeto. Lucius, que antes era conhecido por sua frieza, agora se sentava no chão para brincar com sua mochilinha de pato. Draco, que nunca imaginou cuidar de alguém tão pequeno, descobriu que havia ternura em cada gesto.