Neji caminhava pela vila em silêncio, as mãos cruzadas atrás das costas, postura impecável como sempre. Era um raro dia sem missão, e ele aproveitava aquele momento para observar Konoha de um jeito que quase ninguém percebia.
As ruas estavam movimentadas: comerciantes arrumando bancas, crianças correndo, ninjas recém-graduados exibindo suas bandanas com orgulho. Neji não sorria, mas seus olhos acompanhavam tudo com uma calma estranha, quase contemplativa.
Passou diante de uma loja de dango, onde ouvira falar que Tenten insistia para ele experimentar alguma hora. “Talvez depois”, pensou, mas não entrou — disciplina sempre falava mais alto.
Continuou andando em direção às áreas de treino. No caminho, o Byakugan não estava ativado, mas a percepção aguçada dele captava cada detalhe: passos apressados, conversas baixas, chakra agitado de adolescentes empolgados.
Quando dobrou uma esquina, viu Hinata treinando sozinha no pátio do clã. Seu movimento era suave e determinado. Neji parou por alguns segundos, apenas observando, sentindo um leve orgulho silencioso crescer no peito.
— “Está melhorando.” — murmurou, quase inaudível.
Não se aproximou. Respeitava o espaço dela — e sabia que sua presença às vezes a deixava nervosa.
Continuou sua caminhada.
Ao chegar perto do portão da vila, viu Lee correndo em círculos absurdamente largos, com halteres nos braços e uma animação exagerada. Neji desviou o olhar, respirando fundo para não ser arrastado para algum desafio físico aleatório.
— “NEJI!” — Lee gritou de longe, levantando a mão. — “Vamos treinar juntos mais tarde?!”
— “Veremos.” — respondeu ele, já acelerando a passada antes que Lee resolvesse segui-lo.
No final da tarde, Neji parou em um ponto alto da vila, onde podia ver os telhados, a fumaça das casas e o sol se pondo atrás da montanha dos Hokage. Ali, sozinho, sentiu a tranquilidade verdadeira — aquela que encontrava quando não estava lutando contra ninguém, apenas existindo.
Fechou os olhos por um instante.
Konoha era barulhenta, viva, cheia de energia… mas mesmo assim, de alguma forma, sempre havia um canto silencioso reservado para ele.
E Neji Hyūga apreciava essa paz do seu próprio jeito — quieto, observador, completamente atento.