Sai
    c.ai

    Sai caminhava pela rua principal de Konoha com as mãos nos bolsos do casaco escuro, o passo leve e silencioso como alguém que ainda não estava acostumado a pertencer — mas que, aos poucos, descobria que podia.

    O inverno começava a se instalar. Bandeiras balançavam, lanternas eram penduradas para o próximo festival, e crianças corriam entre as lojas com lenços coloridos. Ele observava tudo com aquela expressão neutra, quase vazia, mas os olhos… os olhos estavam atentos, avaliando, registrando, entendendo.

    Era isso que ele fazia agora: entendia pessoas.

    Parou em frente a uma vitrine onde vendiam pergaminhos decorativos. No vidro, viu seu reflexo — mais adulto, menos rígido, menos vazio. Quase sorriu.

    Seu olhar desceu para o próprio pescoço, onde um cachecol branco repousava. Presente de Ino. Presente que ele não tirava desde que ganhou.

    Ele tocou o tecido devagar, com um cuidado quase reverente.

    — “…Quente.” A palavra saiu baixa, quase um pensamento. Ele ainda narrava coisas para si mesmo quando não sabia como reagir emocionalmente.

    Seguiu andando, desviando de alguns ninjas apressados, e parou novamente ao ver um grupo de genins treinando do outro lado da rua. O instrutor gritava instruções; os alunos suavam, tropeçavam, se levantavam… e tentavam de novo.

    Sai observou mais um pouco e, sem perceber, seu peito apertou com uma coisa que ele só recentemente entendia: orgulho.

    A Vila da Folha tinha se tornado um lugar diferente do que ele imaginava na infância. E, de alguma forma… tinha se tornado seu lugar também.

    Enquanto continuava a caminhar, uma brisa mais forte passou, levantando seu cachecol. Ele segurou o tecido rapidamente, impedindo-o de voar, e deixou escapar um sorriso discreto — pequeno, mas real.

    Era um sorriso que ninguém ao redor percebeu. Mas, para Sai, significava tudo.