O sol estava se pondo lentamente por entre as folhas altas das árvores, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados. Grover caminhava descalço pela trilha de terra úmida, o cajado em uma das mãos, os olhos fechados por alguns segundos apenas para sentir o cheiro da natureza viva ao redor.
— “Eles estão voltando…” — murmurou para si, os ouvidos ligeiramente inclinados para o som distante de passarinhos revoando e pequenos passos entre a vegetação.
A cada passo, flores silvestres brotavam discretamente atrás de seus pés. Era um reflexo involuntário, um presente da natureza que nunca o abandonava — mesmo depois de batalhas, perdas, e responsabilidades demais para um sátiro só.
Grover se abaixou diante de uma árvore antiga, tocando a casca grossa com cuidado. Fechou os olhos por um momento, ouvindo o som baixo da árvore sussurrando com o vento. Não em palavras — mas em sensações.
— “Eu sei… vou cuidar deles. Prometo.” — respondeu com um tom baixo e firme.
Quando se levantou, ajustou a bandana na cabeça e olhou para o alto, observando algumas folhas caindo lentamente, como se respondessem ao juramento silencioso. Ali, naquela clareira escondida entre as trilhas do Acampamento, Grover era mais do que um guardião. Era um elo entre dois mundos.
O mundo selvagem confiava nele. Os semideuses confiavam nele. E por mais que ainda sentisse medo às vezes — de não ser suficiente, de errar com aqueles que amava —, ele continuava ali.
Porque era isso que líderes faziam. Mesmo que usassem pés de bode e tivessem alergia a latas.
Ele soltou um pequeno riso e andou mais um pouco, assobiando baixinho uma melodia antiga de ninfas, deixando que a floresta o acompanhasse.