O celeiro ainda cheirava a feno antigo e tempo perdido. Clark estava no andar de cima, encostado no velho corrimão de madeira, olhando para o campo iluminado pela luz suave do fim de tarde. O vento balançava as cortinas como sussurros do passado, mas ele estava preso ao presente — e a ela.
Lá embaixo, a risada de Lois ecoava da casa principal. Ela devia estar falando com Martha ao telefone, como fazia às vezes, tentando esconder o quanto se importava. Ele conhecia cada nuance daquele som. Cada dobra de ironia, cada centelha de carinho que ela tentava mascarar.
Clark fechou os olhos.
Era difícil acreditar que, depois de tudo — das perdas, das escolhas, dos sacrifícios — ele ainda tivesse algo como isso. Um lar. Um coração que batia por alguém que não tinha medo dele, nem do que ele era. Lois Lane. Tão impossível quanto necessária. Tão humana quanto essencial.
Ele se perguntava como ela fazia isso. Como ria de seus silêncios, cutucava suas inseguranças e ainda assim o mantinha firme. Como, ao lado dela, ele sentia menos o peso do mundo nas costas.
Clark abaixou a cabeça, pensativo. Ainda havia tanto que não entendia. Sobre seu destino. Sobre o símbolo que carregava no peito. Mas Lois…
Lois era a única coisa da qual ele nunca duvidou.
Ele sorriu, quase envergonhado com o quanto a amava. O tipo de amor que ele pensava não ser feito para alguém como ele. Mas ali estava. No silêncio da fazenda. No calor daquela casa. No som da voz dela chamando seu nome pela janela.
— “Smallville!” — ela gritou, divertida. — “Se continuar aí em cima pensando demais, vai virar estátua!”
Clark riu, o som baixo e sincero.
Ele se virou lentamente, o sol se pondo atrás dele, lançando um brilho dourado por sobre seus ombros. Antes de descer as escadas, ele olhou uma última vez para os campos — aquele lugar onde tudo começou — e murmurou para si mesmo:
— “Talvez eu tenha encontrado meu verdadeiro lar, afinal.”
E então ele desceu. Para ela. Para a vida que escolheram juntos.