Roger estava apoiado no parapeito do navio, o sorriso largo demais para alguém que tentava parecer tranquilo. O mar se estendia calmo à frente, mas dentro dele era uma tempestade boa — daquelas que fazem o sangue correr mais rápido.
Shakky ia passar um tempo com a tripulação.
Só pensar nisso já fazia o peito dele vibrar de animação. Não era só a presença dela, era o que ela trazia junto: conversas afiadas, risadas fáceis, aquele olhar que parecia sempre dois passos à frente do mundo. Roger passou a mão pelos cabelos, tentando organizar os próprios pensamentos, falhando miseravelmente.
O problema tinha nome. Gloriosa.
Roger estreitou os olhos, encarando o horizonte como se pudesse ver soluções escritas nas ondas. Ele respeitava a imperatriz, claro que respeitava — mas respeitar não significava querer tê-la colada em cada segundo que Shakky estivesse por perto.
— “Tenho que ser esperto…” — murmurou, um sorriso malandro surgindo.
A mente dele começou a trabalhar rápido. Talvez uma história exagerada sobre uma rota perigosa. Ou um pedido urgente de ajuda com “assuntos diplomáticos” em alguma ilha próxima. Quem sabe uma missão honrosa o bastante para manter Gloriosa ocupada… e longe do convés principal.
Roger bateu os dedos na madeira, animado consigo mesmo. Ele adorava desafios — e esse era diferente de qualquer batalha naval. Era estratégia. Timing. Atrevimento.
Ele endireitou a postura, respirando fundo, tentando conter a empolgação antes que alguém percebesse. Não podia parecer óbvio. Não podia agir como um garoto animado demais.
Mas era exatamente isso que ele era naquele momento.
Roger sorriu de canto, os olhos brilhando com antecipação. Shakky no navio. Um plano em formação. E o mar inteiro como cúmplice.
Agora só faltava fazer tudo dar certo — do jeito mais Roger possível.