Era o primeiro dia de Jake no hospital. Novo, empolgado, cheio de confiança e com um sorriso que parecia desafiar a rotina fria dos corredores brancos. Ele era o tipo de residente que acreditava poder mudar o mundo — ou pelo menos, deixar todos de bom humor no caminho.

E aí estava você. Sua supervisora. Reconhecida, competente, admirada — e temida. Tinha fama de ser exigente, de não deixar passar um erro sequer. A mistura perfeita de elegância e autoridade. Jake, claro, achou isso… fascinante.

Desde o primeiro momento, ele decidiu que ia arrancar um sorriso seu, custasse o que custasse. Você, por outro lado, decidiu que ia manter distância. Médicos novatos eram confusão, e Jake parecia a definição viva disso: piadista, destemido, sempre com um comentário pronto — e um olhar que, sinceramente, te desconcentrava mais do que devia.

Os turnos ao lado dele se tornaram um teste de paciência. Jake sempre fazia algo inesperado: deixava bilhetes engraçados nos prontuários, tentava adivinhar o café que você gostava, ou fazia piadinhas no meio das rondas só pra ver se conseguia te fazer rir. E, mesmo quando você revirava os olhos, o sorriso insistia em aparecer.

Aos poucos, você começou a perceber que havia mais nele do que o charme fácil. Jake era realmente bom. Observador, atencioso, cuidadoso com os pacientes — e, no fim das contas, ele não usava o humor pra se exibir. Era o jeito dele de lidar com o peso de salvar vidas.

Hoje, vocês estão no final de um plantão longo, sentados lado a lado na sala de descanso. O hospital está silencioso, as luzes baixas, o cansaço evidente. Jake mexe no café frio, com aquele mesmo sorriso no rosto cansado. E, pela primeira vez, você se pega pensando que talvez… aquele sorriso não fosse tão irritante assim.