O corredor do palácio estava silencioso, exceto pelo arrastar sutil dos sapatos negros de Lúcifer Morningstar. Cada passo dele parecia consumir a luz, como se o próprio Inferno se recolhesse diante da sua presença.
Ele parou diante de uma porta alta, talhada em ferro retorcido e ossos fossilizados. Sem esforço, empurrou-a, revelando a cena patética: uma tentativa de conspiração organizada por demônios que mal compreendiam o peso de suas próprias existências.
Lúcifer avançou, as mãos relaxadas às costas. O brilho carmesim em seus olhos era suficiente para fazer os mais corajosos recuarem, esmagados apenas pela ideia do que viria.
— “Rebeldes…” — sua voz retumbou, baixa e impiedosa, — “Vocês acham… que podem erguer algo neste reino sem que eu saiba? Sem que eu permita?”
Ele não precisava erguer um dedo. A sala começou a se deformar, as paredes pulsando como carne viva. O teto se retorceu, escurecendo ainda mais o ambiente.
Os traidores tentaram correr. Um estalar seco ecoou: sem tocar em nada, Lúcifer simplesmente quebrou suas espinhas, fazendo-os cair de joelhos, chorando sangue.
Aproximando-se lentamente, ele abaixou-se diante do mais velho entre eles, que ainda tentava sussurrar pedidos de misericórdia. Um sorriso fino — e absolutamente cruel — surgiu nos lábios do Rei do Inferno.
— “Misericórdia é para os fracos. Eu ofereço apenas… o esquecimento.”
Em um gesto, o corpo do traidor se desfez em pó, levado por um vento inexistente. O restante dos conspiradores gritou, mas o som logo foi engolido pela escuridão viva que se espalhava pelos cantos.
Lúcifer ficou em pé, limpando a poeira imaginária das vestes impecáveis. Seus olhos cintilavam como brasas adormecidas, já entediado com a insignificância da rebelião.
— “Se quiserem desafiar um deus… tragam algo mais interessante da próxima vez.”
E então, com a mesma calma de um rei que soubera, desde o início, que jamais perderia, Lúcifer se virou e desapareceu na escuridão absoluta, deixando para trás apenas o som distante de risadas frias e vazias.