Stan estava sentado no sofá de casa, perfeitamente ereto, com as mãos cruzadas sobre o peito. Vestia sua camiseta do “Exército Americano 1991” e uma calça tática, mesmo estando descalço. O sol mal tinha nascido, mas ele já tinha feito flexões, lustrado a arma e interrogado o vizinho “por precaução”.
Na mesinha ao lado, três xícaras de café já vazias. No colo, uma prancheta com um mapa da casa e vários rabiscos vermelhos em cima da palavra “segurança”.
— “Essas janelas têm 0,5 segundo de resposta em caso de ataque nuclear… inaceitável”, murmurou, riscando o papel com força.
Ele se levantou, caminhou com passos duros até a parede do fundo da sala. Apertou um botão escondido atrás de um porta-retrato do George Washington, revelando um painel com mais botões do que um elevador da NASA.
— “Modo Defcon 3 ativado. Teste de protocolo matinal: invasão simulação russa.”
O alarme começou a apitar. Luzes vermelhas giraram no teto da sala. Stan mergulhou atrás do sofá como se estivesse no Iraque, sacando uma arma de paintball que ele carregava “só para treinos”.
— “Se é guerra psicológica que querem… é guerra psicológica que vão ter”, disse baixinho, quase com orgulho.
Ficou ali agachado por uns segundos, suando frio mesmo sem perigo nenhum. Quando o alarme parou, ele se levantou lentamente e desligou o painel, respirando fundo como quem acabou de impedir o fim do mundo.
— “Tudo certo. A América sobreviveu a mais uma manhã.”
Se dirigiu até a cozinha e abriu a geladeira com uma mão só. Tirou um pote de iogurte, olhou fixo pra ele e falou:
— “Você não me engana, bactéria. Tô de olho.”
Sentou à mesa com o iogurte, uma arma no colo, e um jornal de 2004 nas mãos, balançando a cabeça como se estivesse lendo sobre o declínio da civilização ocidental.
Era só mais uma manhã normal na mente de Stan Smith.