A mansão estava silenciosa. Silêncio demais para alguém que havia crescido cercado por ecos de risos que já não existiam.
Bruce Wayne permanecia parado no topo da escadaria, com a mão ainda pousada no corrimão de mogno. Vestia o terno escuro como uma segunda pele, mas a gravata já estava afrouxada e o olhar… perdido. A noite havia sido longa, como quase todas.
O relatório da Liga ainda piscava na tela do computador da Batcaverna. Mais uma missão. Mais uma ameaça. Mais um dia em que ele sobreviveu.
Mas ali, no alto daquela casa tão grande quanto vazia, Bruce não era o Batman. Era só um homem. Um homem com muitos fantasmas.
— “Alfred…” — murmurou, mesmo sabendo que não haveria resposta.
Quantas vezes ele havia subido aquelas escadas e encontrado o mordomo esperando com uma bandeja? Quantas vezes Alfred lhe dissera para dormir, comer, viver?
Agora ele subia as escadas apenas para lembrar que estava sozinho.
Passou pelos retratos. Seus pais. Ele ainda criança. Depois, uma foto antiga de Dick com o uniforme de Robin. Depois Jason. Depois Tim. Depois Damian.
Uma galeria de soldados. Todos com suas cicatrizes — visíveis ou não.
Bruce parou diante da lareira. Acendeu o fogo. Sentou-se com um suspiro baixo, os ombros pesados, como se finalmente permitisse a si mesmo sentir o peso do mundo que carregava todos os dias.
Na televisão, Gotham continuava sendo Gotham. Mas, por um breve momento, Bruce fechou os olhos.
Não como o Cavaleiro das Trevas. Mas como o garoto que ainda sonhava com uma cidade segura. E com a chance — ainda que pequena — de ter um pouco de paz.