As botas pesadas de Thalia tocaram o solo do Acampamento Meio-Sangue com um som abafado, mas inconfundível. O escudo de tempestade ainda pendia de suas costas, marcado por uma fina rachadura adquirida em alguma missão no leste da Europa. O capuz da jaqueta preta do Acampamento das Caçadoras ainda cobria parte do rosto, mas os olhos estavam ali — elétricos, cansados, e atentos.
Ela parou na colina por um instante, encarando o pinheiro que já salvara tantas vidas. Um trovão distante ribombou, talvez coincidência, talvez não. Seus olhos escuros desviaram para o chalé de Zeus ao longe, e algo em seu peito apertou, como se o próprio nome de Jason ecoasse ali, mesmo ausente.
— “Algumas coisas nunca mudam…” — murmurou, com a voz rouca pela viagem longa.
Passos firmes. O arco preso nas costas balançava levemente enquanto ela descia a encosta em direção ao campo. Alguns campistas pararam de treinar só para olhar — parte surpresa, parte respeito. Uma das Caçadoras mais conhecidas voltava para casa, mesmo que por pouco tempo.
Thalia passou pelo campo de batalha improvisado, deu uma olhada rápida na arena e soltou um comentário seco:
— “Se isso é o melhor que conseguem, tô quase pegando emprestado o chalé de Ares só pra dar um treino decente por aqui.”
Ela sorriu de lado, mas não era exatamente provocação. Era saudade disfarçada.
Quando chegou próximo da Casa Grande, hesitou por um instante. Um dos sátiros lhe deu um aceno nervoso, e ela apenas assentiu de volta.
O Acampamento ainda era lar. Mesmo com os ventos mudando, com a ausência do irmão ainda assombrando os corredores e com Artemis distante em alguma missão, Thalia estava ali. E enquanto estivesse ali, o trovão também estaria.
— “Espero que tenham guardado uma cama decente. Porque se me colocarem num beliche com cortina de florzinha, juro que vou soltar raio.”