O som do arco sendo tensionado ecoou suavemente no ar úmido da noite. Oliver Queen estava de pé no topo de um dos prédios mais altos de Star City, a brisa fria bagunçando o cabelo curto enquanto a capa do uniforme vibrava levemente. A cidade abaixo estava viva — carros, luzes, passos, vozes — mas, para ele, tudo parecia distante. Como se o mundo lá embaixo seguisse um ritmo diferente do seu.
O alvo daquela noite não era um criminoso com superpoderes ou uma conspiração de longa data — apenas um nome simples, um homem que achava que poderia comprar a cidade como se fosse mais um brinquedo. Oliver já havia visto esse tipo antes… e sabia como terminava.
Ele abaixou o capuz, ativando o comunicador no ouvido. — “Felicity, tenho o visual.” A voz dela respondeu, calma, mas com aquele tom de preocupação disfarçada que ele conhecia bem. — “Cuidado, Oliver. Esse cara tem guarda-costas armados até os dentes.” Ele sorriu, quase imperceptível. — “Então eles vão precisar de mais dentes.”
Saltou. O vento cortou seu rosto enquanto caía, o gancho de escalada disparando no momento certo, o puxando de volta para cima e o lançando direto contra o terraço do prédio alvo. O impacto foi seco. Um guarda se virou — tarde demais. Um golpe, outro, o som abafado de corpos caindo. Tudo rápido, limpo, silencioso.
Quando entrou pela claraboia, o empresário já estava tentando fugir pelos fundos. Oliver disparou uma flecha — o projétil atravessou o chão, prendendo a barra da calça do homem. Ele caiu, gritando, o medo estampado no rosto.
Oliver se aproximou lentamente, os olhos frios por trás da sombra do capuz. — “Você vendeu armas pros Glades. Crianças morreram por causa disso.” — “Eu… eu só fiz negócios, não sabia—” A flecha seguinte cravou-se a centímetros do rosto dele, fazendo-o engasgar no meio da desculpa. — “Saber… não é desculpa.”
Por um momento, Oliver ficou em silêncio. A raiva ainda queimava por dentro, a mesma que sempre queimava — mas havia algo mais: cansaço. Um peso que nenhuma vitória parecia aliviar.
Ele guardou o arco, virou-se e saiu pela janela, o vento da noite o engolindo novamente. A voz de Felicity voltou no comunicador, mais suave agora: — “Missão concluída?” — “Sim.” — “E você? Está bem?”
Oliver parou no parapeito, olhando para as luzes da cidade que jurou proteger. — “Estar bem… não é o que eu faço.”
E saltou para a próxima sombra, voltando a ser o Arqueiro. O guardião solitário de uma cidade que ainda não sabia o quanto devia a ele.