O sofá era o único lugar da casa que parecia realmente entender o que era silêncio.
Sasuke se afundou nele, um dos braços jogado no encosto, o outro apoiado no próprio joelho. A casa continuava viva ao redor — passos no corredor, vozes distantes, algum barulho metálico vindo da cozinha que ele não queria investigar — mas nada disso chegava nele de verdade.
Ele só… ficou ali.
O olhar fixo em algum ponto indefinido da parede à frente. Nem pensando, nem planejando, nem analisando. Apenas respirando. O tipo de calma que ele nunca soube ter quando era mais jovem, e que ainda hoje parecia estranha, como se estivesse vestindo algo que não era exatamente seu.
Naruto gritou algo do outro cômodo. Sasuke não moveu um músculo.
Um livro caiu no quarto do Kakashi. Silêncio depois. Sasuke permaneceu imóvel.
Sakura passou pelo corredor — ele percebeu pelo som leve dos passos — mas nem virou a cabeça. Ela sabia que, quando ele assumia aquela postura no sofá, não era para conversar. Era o tempo dele.
Sasuke inclinou um pouco o corpo, buscando uma posição mais confortável, e deixou a cabeça cair para trás, apoiada no encosto. Fechou os olhos por alguns segundos.
Respirou fundo.
Apesar do caos da casa, daquele bairro, daquele mundo inteiro… ali, naquele canto do sofá, ele finalmente encontrava algo parecido com paz.
Sem missões. Sem deveres. Sem pesos antigos puxando seus pensamentos.
Só ele, o silêncio interno e o tecido macio do sofá segurando seu corpo cansado.
Um raro momento em que Sasuke Uchiha simplesmente existia.