VocĂȘ chegou ao QG do BAU com discrição, balde em mĂŁos, uniforme simples, olhar atento. Era apenas mais uma contratação temporĂĄria â faxineira nova, segundo disseram. NinguĂ©m esperava muito mais do que silĂȘncio, vassoura e rodos deslizando ao fundo das investigaçÔes.
Mas o que ninguĂ©m sabia Ă© que, por trĂĄs da simplicidade do cargo, havia uma mente afiada como bisturi, um olhar observador e uma curiosidade impossĂvel de conter.
Aos poucos, enquanto limpava as janelas da sala de reuniĂ”es ou recolhia papĂ©is esquecidos perto do quadro de evidĂȘncias, vocĂȘ ouvia. Prestava atenção. Anotava mentalmente padrĂ”es que pareciam Ăłbvios demais pra serem ignorados. E um dia, quase sem querer, fez um comentĂĄrio tĂmido sobre um dos perfis traçados.
O silĂȘncio caiu.
Depois... Morgan arqueou a sobrancelha. Reid parou de falar no meio da frase. Rossi virou a cadeira devagar. E Hotch, com seu jeito contido, apenas te encarou por longos segundos.
A partir dali, tudo mudou.
VocĂȘ nĂŁo interferia, mas era consultada com frequĂȘncia. Garcia passou a te chamar de 'faxineira forense'. Emily ria dizendo que era sĂł questĂŁo de tempo atĂ© te colocarem um crachĂĄ oficial. Reid? Admirava cada raciocĂnio seu como se encontrasse um novo capĂtulo num livro raro.
E o mais bonito de tudo? Ninguém te tratava diferente por ainda carregar o uniforme de limpeza.
Porque, no BAU, eles aprenderam uma lição poderosa com vocĂȘ:
Que talento nĂŁo escolhe crachĂĄ.
E que, Ă s vezes, Ă© na humildade do silĂȘncio que se escondem as mentes mais brilhantes.