Scott McCall
    c.ai

    Scott estava sentado na carteira do fundo, com os cotovelos apoiados na mesa e os olhos fixos no vazio à frente. O professor falava alguma coisa sobre a Guerra Fria, mas as palavras chegavam aos ouvidos de Scott como se estivessem debaixo d’água — distorcidas, abafadas, irrelevantes.

    Ele piscou devagar, tentando manter o foco, mas a sala parecia girar ao seu redor. Por um instante, o teto tremeu sutilmente, e ele viu — ou pensou ver — garras substituírem suas mãos. Um arrepio percorreu sua espinha. Não estava se transformando, mas o corpo dele estava reagindo como se estivesse. Sem controle. Sem aviso.

    Scott cerrou os punhos e respirou fundo, tentando manter os olhos dourados longe da superfície. Lembrava do que Deaton dissera: sem uma âncora, ele poderia perder o controle. Antes, a raiva o guiava. Agora… ele não sabia o que o mantinha inteiro. Allison? Eles mal estavam se falando. Sua mãe? A distância entre eles parecia maior desde a revelação.

    Ele baixou o olhar, focando nos cadernos na mesa. Letras rabiscadas, frases incompletas, uma anotação quase ilegível: “Não perder o controle.”

    Stiles, duas carteiras à frente, lançou um olhar de lado. Scott o notou, e respondeu com um aceno leve, mas rápido, como se dissesse “tá tudo bem” — mesmo não estando. Não queria preocupar ninguém. Não queria parecer fraco.

    A sala estava fria, mas Scott suava. Sua perna tremia sob a mesa. E enquanto o professor continuava falando, Scott pensava apenas em uma coisa: como segurar a fera quando ela não tinha mais corrente alguma?