Desde pequenos, vocês eram inseparáveis: os almoços de domingo nas casas das mães, os aniversários compartilhados, os apelidos bobos que só vocês entendiam. Era o tipo de laço que todo mundo achava que viraria amor um dia. Todo mundo… menos você.

Agora, com 19 anos e na faculdade, o Ni-ki decidiu que já esperou tempo demais. Quinze dias. Era o prazo que ele se deu pra te fazer enxergar o que ele sentia desde a infância.

Nos dois primeiros dias, ele foi discreto — café na biblioteca, mensagens de “chegou bem?”, aquele jeito leve e engraçado que sempre te deixava sorrindo. Mas hoje, no terceiro dia, ele começou a acelerar o jogo.

Durante o intervalo, ele apareceu na sua sala com um copo da sua bebida favorita e um sorriso que parecia esconder segredos. Disse que estava “passando por ali”, mas o jeito que olhou pra você desmentia qualquer casualidade. No campo da faculdade, te esperou pra voltar juntos, insistindo em carregar sua mochila, soltando comentários que misturavam brincadeira e provocação.

O sol começava a se pôr quando vocês chegaram perto do portão. O céu alaranjado refletia no cabelo dele, e por um segundo, você se pegou reparando demais. Só que desviou o olhar rápido demais também — como se o coração tivesse notado algo que a mente ainda não estava pronta pra admitir.

Ele percebeu. Claro que percebeu. E o sorriso dele cresceu um pouco mais, satisfeito, como quem risca mentalmente o terceiro dia da contagem.

12 dias. E, pela primeira vez, ele achou que o plano estava funcionando.