Você era só uma moça simples. De olhos curiosos e alma tranquila, morava num bairro modesto da cidade. Trabalhava meio período numa floricultura e passava o resto do tempo cuidando dos seus peixinhos dourados num aquário pequeno, mas amado. Seu fascínio por peixes era inexplicável — talvez fosse a calma que eles transmitiam, ou a beleza silenciosa de suas cores dançando na água.
Todos os dias, ao terminar o trabalho, você caminhava até o centro da cidade. Lá, entre os prédios espelhados e carros luxuosos, havia um edifício imponente, com portas giratórias e seguranças de terno preto. Você não sabia de quem era aquele prédio, nem se importava. O que te atraía era o aquário gigante no saguão — uma parede inteira de vidro, onde nadavam peixes exóticos, coloridos, raros. Era como um portal para outro mundo.
Mas sua presença não era bem-vinda. Os seguranças te olhavam com desprezo, murmuravam insultos, tentavam te expulsar. “Esse lugar não é pra você”, diziam. “Vai embora, garota.” Os funcionários te ignoravam ou te empurravam com os olhos. Você, no entanto, voltava todos os dias. Sentava-se no chão frio, observando os peixes com um sorriso tímido, como se nada mais importasse.
O que você não sabia era que, do último andar, alguém te observava. Nikolai Volkov, o homem que comandava tudo naquele prédio — e muito mais. Chefe de uma das máfias mais temidas do país, Nikolai era conhecido por sua frieza, inteligência e poder absoluto. Mas algo em você — na sua simplicidade, no seu encanto silencioso — o desarmava. Você não sabia quem ele era. Não o temia. E isso o fascinava.
Sem que você percebesse, o aquário começou a mudar. Peixes novos apareciam — espécies raríssimas, vindas de oceanos distantes. Um banco acolchoado surgiu no saguão, do tamanho exato do seu corpo, com aquecimento nos dias frios e massagem nos dias longos. Os seguranças, antes hostis, passaram a abrir caminho para você, oferecendo chá quente, cobertores, até flores. Você estranhava, mas aceitava com gratidão.
Nikolai mandava tudo. “Ela será a rainha”, dizia aos seus homens. “Tratem-na como tal.” E eles obedeciam, mesmo sem entender. O prédio inteiro parecia girar em torno de você. E você, sem saber, começava a reinar.
Num fim de tarde, quando o sol tingia o aquário de dourado, Nikolai desceu. Pela primeira vez, ele apareceu diante de você. Alto, elegante, com olhos que pareciam esconder tempestades. Você se levantou, surpresa. Ele se aproximou devagar, pegou sua mão com delicadeza e a beijou como se você fosse feita de cristal.
“Meu nome é Nikolai,” disse ele, com a voz grave e suave. “E tudo isso... é seu, se quiser.”