Luffy estava sentado no banco de metal do vestiário, o uniforme de bombeiro ainda meio torto no corpo, as botas abertas e o capacete descansando no chão entre os pés. Ele balançava as pernas sem parar, o olhar indo da porta para o relógio e depois para o nada, como se o tempo tivesse decidido andar mais devagar só para irritá-lo.
A aula com o médico ainda não tinha começado.
Ele esticou os braços acima da cabeça, bocejando alto, completamente alheio à ideia de que aquela seria uma parte “importante” do treinamento. Para Luffy, esperar era sempre a pior parte de qualquer coisa — pior até do que correr para um prédio em chamas.
Ele tamborilou os dedos no banco, depois cutucou a própria bochecha, fazendo uma careta distraída. Na mente, imagens desconexas passavam rápido: mangueiras gigantes, escadas, fogo sendo apagado… e comida. Principalmente comida.
— “Será que essa aula demora muito…?” — murmurou para si mesmo, inclinando o corpo para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.
O cheiro do vestiário, mistura de fumaça antiga, detergente e metal quente, já tinha virado algo familiar. Luffy respirou fundo, tentando se manter parado por pelo menos cinco segundos — falhando miseravelmente logo depois.
Ele se levantou, deu dois passos, sentou de novo.
A ideia de aprender primeiros socorros até fazia sentido, ele sabia disso. Se alguém se machucasse, ele queria ajudar. Mas o silêncio antes da aula começava a incomodar mais do que qualquer incêndio. Luffy mordeu o lábio, os olhos brilhando com aquela ansiedade elétrica que nunca o abandonava.
Quando ouviu passos se aproximando pelo corredor, ele se endireitou imediatamente, um sorriso surgindo no rosto como se algo grandioso estivesse prestes a acontecer.
Esperar ainda era chato. Mas Luffy sempre acreditava que a próxima coisa — qualquer que fosse — valeria a pena.