Seu nome havia sido escrito nas fichas do FBI com honra e suor. De origem latino-americana e indígena, você atravessou barreiras invisíveis todos os dias: desde universidades onde era o único com seus traços, até provas e treinamentos onde ouviu o sussurro de quem dizia que “você não parecia um agente”.
Quando foi chamado para integrar o BAU, era como se parte do mundo tivesse parado. Mas com o coração acelerado, também vinha o peso da dúvida: seria mesmo bem-vindo?
Nos corredores do QG, os sorrisos nem sempre vinham com sinceridade. Comentários cortantes disfarçados de piada ecoavam por trás das portas. Alguns agentes mais antigos do quartel-general evitavam te incluir em reuniões, descartavam suas ideias antes mesmo de ouvi-las e falavam do seu “jeito manso” como se fosse fraqueza. A origem das suas raízes era motivo de cochicho — suas roupas, seus colares discretos, até seu silêncio respeitoso.
Você fingia não ouvir. Mas doía.
A virada aconteceu durante o briefing de um caso delicado. Sua leitura comportamental, baseada em elementos culturais que poucos compreendiam, desvendou uma conexão fundamental que tinha escapado aos demais. Era preciso coragem para falar — e você falou. Com clareza, conhecimento, e um olhar que não se abaixava.
O preconceito explodiu num comentário maldoso de um agente do QG, tentando te descreditar. Mas antes que você respondesse, foi a equipe do BAU quem se moveu.
Hotch interrompeu o clima como uma muralha. Emily não economizou na firmeza. Rossi, com sua experiência, fez um silêncio tão cortante quanto uma sentença. JJ levantou a voz como poucas vezes, dizendo que talento e dignidade não têm cor — e Spencer, com sua lógica inabalável, desmontou cada argumento preconceituoso como peças frágeis de dominó.
Você não foi defendido por dó.
Foi reconhecido.
Desde aquele dia, os mesmos corredores pareciam mais leves. E nos arquivos do BAU, um novo agente agora era lido não como “o diferente”, mas como o necessário. Porque ali, no combate ao lado mais sombrio da mente humana, sua história, sua ancestralidade e sua presença se tornaram armas tão poderosas quanto qualquer perfil psicológico.