O som dos pneus freando cortou o ar quando Oliver parou o carro bruscamente. O prédio da firma de advocacia se erguia à frente — ou o que restava dele. As colunas estavam rachadas, o vidro das janelas espalhado pela rua, fumaça subindo em nuvens densas e negras. O cheiro de metal queimado e poeira enchia os pulmões.
Oliver saiu do carro sem pensar. O coração disparou no mesmo instante em que os gritos e sirenes tomaram o lugar do silêncio. Ele empurrou um policial, ignorou os pedidos pra se afastar, o olhar frio fixo nas chamas que engoliam os andares superiores. O prédio de Laurel.
O nome dela pulsava na mente dele como uma batida constante — Laurel, Laurel, Laurel. Cada passo era mais pesado, mais desesperado. Ele tentava ver alguma coisa por entre a fumaça, qualquer sinal, qualquer movimento.
O chão estava coberto de destroços — pastas queimadas, um salto de mulher quebrado, papéis que se desfaziam no ar. Oliver se abaixou, pegando um deles com as mãos sujas de cinza. Reconheceu o timbre da letra, as iniciais “L.L.” no canto da página. Um arrepio atravessou o corpo dele como uma lâmina.
Ele engoliu em seco, o peito apertando. As vozes dos bombeiros ecoavam ao redor, mas tudo parecia distante. O mundo reduzia-se ao som do próprio coração, à fumaça nos olhos e à lembrança dela. Laurel rindo. Laurel brigando com ele. Laurel viva.
Oliver recuou um passo, as mãos trêmulas cobertas de cinza. O ar pesava, quente, impossível de respirar. Por um instante, o rosto dela surgiu na mente — tão claro que ele quase a viu entre as chamas, chamando seu nome.
Mas não havia voz. Só o silêncio quebrado pelas sirenes e pelo crepitar do fogo.
Oliver sentiu o corpo enfraquecer. Quis correr, entrar lá, gritar, fazer qualquer coisa — mas o calor o forçou a parar. E ali, de pé, imóvel diante do inferno, ele percebeu o quanto ainda a amava.
Os olhos dele marejaram, mas nenhuma lágrima caiu. Ele era Oliver Queen — o Arqueiro Verde, o homem que já perdeu tudo e mesmo assim continuava.
Mas, naquele momento, olhando para o prédio destruído, ele soube que essa perda era diferente. Porque, no fundo, uma parte dele ainda acreditava que um dia teria a chance de salvá-la. E agora… já era tarde demais.