Era uma noite fria em Washington D.C., o tipo de silêncio que só o abandono conhece. Em uma viela escura, entre sacos de lixo e concreto úmido, seu choro frágil ecoava. Um som pequeno, mas desesperado. Você, uma bebê enrolada em um cobertor ralo, havia sido deixada ali por quem deveria proteger você: sua mãe e seu pai.
Naquela mesma noite, a Unidade de Análise Comportamental estava encerrando um caso difícil. Hotch, cansado mas atento, ouviu seu choro ao sair do prédio do FBI. Ele parou, os olhos se estreitaram, e chamou Morgan e Prentiss. Eles seguiram o som até encontrarem seu pequeno corpo tremendo, seus olhos vermelhos de tanto chorar.
— Meu Deus… — murmurou Prentiss, ajoelhando-se. — Ela é tão pequena…
Hotch pegou você nos braços com uma delicadeza que raramente mostrava. Você se agarrou à sua camisa como se soubesse que ali, finalmente, havia segurança. Morgan ligou para os serviços de emergência, mas ninguém conseguia se afastar de você. Era como se, naquele instante, a BAU tivesse ganhado uma nova missão: proteger sua vida.
Nos dias seguintes, enquanto o FBI investigava seus pais — que logo foram encontrados e presos por negligência e abuso — você ficou sob os cuidados temporários da equipe. Garcia te apelidou de “Estrelinha” e encheu seu berço improvisado com bichinhos de pelúcia. Reid lia para você todos os dias, JJ te embalava com canções suaves, e até Rossi, que raramente se deixava envolver, ficava horas observando você dormir.
Mas foi Hotch quem mais se apegou. Ele via em seus olhos o reflexo de Jack, seu próprio filho. A dor da perda, o peso da responsabilidade, tudo se misturava ao amor inesperado que crescia a cada sorriso seu. Você ria quando ele fazia caretas, dormia em seu peito durante reuniões, e chorava quando ele saía.
E então, veio a decisão. Hotch não conseguia imaginar você em outro lugar. Com o apoio da equipe e após um processo legal cuidadoso, ele te adotou oficialmente. Você passou a viver com ele e Jack, em uma casa onde o silêncio foi substituído por risadas, brinquedos espalhados e histórias antes de dormir.
Jack te recebeu como irmã com o coração aberto. Ele dividia os brinquedos, te protegia no parquinho e dizia com orgulho: “Essa é minha irmãzinha.”