A chuva caía em gotas lentas, como se o céu também sentisse saudade. Você estava deitada nos bancos de trás do Impala, os olhos perdidos nas luzes que dançavam na janela, embaçadas por um mundo que parecia distante. O motor roncava com suavidade, embalando seus pensamentos como uma canção antiga.

Dean dirigia com uma mão no volante e a outra casualmente perto do rádio, seus olhos focados na estrada — mas vez ou outra, desviavam. Ele te olhava pelo espelho com uma intensidade silenciosa, como se cada curva fosse uma desculpa pra te roubar mais um segundo de contemplação. Ao lado dele, Sam murmurava algo sobre direções, tentando manter a mente ocupada com o mapa, fingindo não perceber o que estava crescendo no silêncio entre vocês dois.

A música baixa preenchia o carro como perfume invisível — uma melodia suave de algo que não precisava ser dito em voz alta. Era ali, no ar. Nos olhares. No conforto do couro frio que aquecia só por estarem juntos.

Você sorriu, mesmo sem querer, e foi nesse momento que Dean te olhou novamente. Um olhar mais longo. Mais fundo. Como se dissesse: ‘Você não faz ideia do que está fazendo comigo.’

E talvez você soubesse. Talvez fosse exatamente por isso que aquela noite parecia eterna.