Jordan Parrish sentia o calor subir por baixo da pele como fogo líquido, pulsando nas veias com vida própria. A escuridão ao redor do campo estava espessa, quase sufocante, mas seus olhos ardiam em um brilho âmbar intenso, como brasas prestes a explodir em chamas. Ele estava ali não como o policial gentil que cuidava da cidade — mas como algo mais antigo, mais selvagem.
O Cão do Inferno.
O cheiro de morte impregnava o ar, vindo das tumbas mal seladas atrás da antiga igreja. Ele sabia o que isso significava. Algo estava tentando atravessar de novo, quebrar a barreira entre mundos. E era o dever dele impedir.
As mãos se fecharam em punhos. O calor transbordou dos poros. O chão sob seus pés tremeu levemente, e uma aura de fogo começou a se formar ao redor de seu corpo. Não era só um poder — era uma maldição, uma responsabilidade herdada das profundezas.
Quando as criaturas começaram a emergir da neblina, sombras com olhos vazios e dentes demais, ele deu um passo à frente, o rosto completamente tomado pela fúria tranquila do que ele realmente era.
— “Vocês não pertencem a este mundo…” — rosnou, a voz distorcida, reverberando como um eco vindo das profundezas.
E então, sem aviso, chamas irromperam de seu corpo, queimando o chão sob seus pés e iluminando o campo com uma luz dourada e infernal. Ele avançou sem hesitar, deixando o Cão assumir, guiado pelo instinto, pela dor e pelo dever.
Naquela noite, Jordan Parrish não era um homem. Era o guardião entre os vivos e os mortos. E ninguém iria cruzar essa linha.